Foto: Eduardo Ramos (arquivo Diário)
Desde o final de junho desse ano, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) passou a aplicar uma medicação (agora semestral) em crianças diagnosticadas com puberdade precoce. O normal da puberdade é iniciar aos 8 anos, em meninas, e aos 9 anos, em meninos. Quando ocorre antes, é considerada precoce.
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A medicação tem como objetivo bloquear a evolução da puberdade, diminuindo a velocidade de crescimento e a progressão da idade óssea. A puberdade precoce é considerada uma doença rara, sendo de 10 a 23 vezes mais frequente em meninas quando comparadas aos meninos. O tratamento é realizado até os 11 anos.
– O chamado “bloqueio puberal” é necessário para que a criança não produza mais picos do hormônio feminino ou masculino e aguarde o tempo certo para poder ter a puberdade – explica Ana Alzira Fenalte Streher, médica do Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica e de Diabetes Infantil
A injeção que, anteriormente, era feita intramuscular no glúteo, mensal ou trimestral, agora passa a ser subcutânea e realizada a cada seis meses, também no glúteo.
– O tratamento hoje é bastante seguro. Trata para que essa criança não perca estatura na idade adulta e para evitar o câncer de mama – informa a médica.
A equipe de enfermagem do Husm, que realiza a aplicação do medicamento, passou por duas capacitações. A primeira em maio e a segunda em junho, antes da primeira aplicação.
Acompanhamento psicológico
Se os pais observarem que a criança foi afetada psicologicamente por conta da puberdade precoce, o ambulatório a encaminha para atendimento psicológico ou psiquiátrico, de acordo com a demanda. O atendimento no Husm ocorre na segunda e quarta-feira de manhã e de tarde e, na terça-feira apenas pela manhã.
Os sinais
Os primeiros sintomas incluem o avanço navelocidade de crescimento, percebido quando a criança perde o número da roupa e do sapato muito rápido. Também, quando as meninas apresentam mamas e pelos antes dos 8 anos, e os meninos pelos ou o aumento dos testículos, que é verificado pelo pediatra, antes dos 9 anos. Ambos podem apresentar acne no rosto e mudança súbita da silhueta corporal.
As causas podem ser multifatoriais: fatores genéticos, problemas do sistema endócrino e doenças que estimulam a produção de hormônios sexuais antes do esperado. Contudo, ficou evidente que com a pandemia, se intensificaram os casos de puberdade precoce.
Fatores como confinamento, falta de convívio social, sedentarismo, alteração no horário do sono (dormiam mais tarde, acordavam mais tarde), ansiedade contribuíram para esse aumento no número de casos.
– Tivemos um boom na puberdade precoce. Vivemos um momento bastante delicado. A pandemia trouxe uma puberdade progressiva. Tivemos caso de uma criança menstruando com 5 anos e 9 meses – relata a médica.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico da puberdade precoce é clínico e feito por meio de exames, como o ultrassom pélvico, o raio X da mão (para identificar a idade óssea) e o exame de laboratório para ver as taxas de hormônios da puberdade. Em caso de suspeita, os pais devem procurar um endocrinologista pediátrico.
*Com informações da Ebserh